Você sabe o que é redução de danos?
31 de Agosto de 2023
A redução de danos (RD) é definida como uma política de saúde pública que tem como objetivo minimizar as consequências negativas do consumo de álcool e outras drogas garantindo a liberdade de escolha do usuário e seu papel de protagonista do cuidado.
Embora um tema ainda polêmico, a RD está inserida no âmbito da atenção psicossocial como uma diretriz que se coloca como alternativa às estratégias de cuidado baseadas na abstinência e no combate às drogas.
Tendo em vista a diversidade de relações que as pessoas estabelecem com essas substâncias, a redução de danos aponta para a necessidade da ampliação das ofertas em saúde para essa população, colocando-se como uma opção de acolhimento e cuidado que rompe com a marginalização.
Entre as estratégias de RD, são listadas terapias de substituição de drogas consideradas pesadas por drogas consideradas leves; terapias de redução do consumo; aconselhamento sobre os riscos presentes no uso; resgate da cidadania e da autoestima dos usuários; e monitoramento em ambientes controlados, como salas de injeção segura.
REFERÊNCIAS TÉCNICAS
Em 2019, o Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP) do Conselho Federal de Psicologia (CFP) apresentou à categoria a edição revisada das ‘Referências técnicas para atuação de psicólogos em políticas públicas de álcool e outras drogas’.
O documento reafirma aos profissionais da área que devem se guiar na autonomia dos sujeitos, no tratamento em liberdade e na não violação de direitos humanos, conforme preconiza o Código de Ética do Psicólogo.
Para o CFP, a interrupção do uso de drogas é uma decisão clínica e precisa ser feita de modo referenciado, pois não se trata de uma prescrição geral que serve para todos os casos.
Entretanto, as estratégias de redução de danos não excluem a abstinência como uma direção clínica que precisa ser negociada com a pessoa que faz uso de determinada substância lícita (álcool, tabaco) ou ilícita (maconha, cocaína, crack, ecstasy etc.).
REDE DE ATENÇÃO
Ainda conforme a publicação, a ética da autonomia deve ser alcançada por meio de relações horizontais entre os pontos da rede de atenção, a qual deve incluir não só os segmentos do sistema de saúde, mas também as entidades comunitárias e da assistência social, assim como a educação, especialmente nas situações que envolvem crianças e adolescentes.
A redução de danos, portanto, precisa funcionar no território de modo articulado com a rede de saúde pública e demais políticas intersetoriais. Por isso, as pessoas devem ser atendidas próximas dos locais onde vivem por agentes redutores de danos, agentes comunitários de saúde e equipes multidisciplinares.
PAPEL DOS PSICÓLOGOS
Nesse contexto, segundo o CFP, não cabe aos psicólogos que integram a equipe profissional nenhuma forma de julgamento ou censura moral aos comportamentos dos indivíduos.
O papel dos profissionais da saúde mental é o de acessar um segmento que, muitas vezes, está à margem da rede de saúde e social por temer o estigma e a rejeição.
“A aceitação de cada um desses usuários como sujeitos e o respeito ao lugar que ocupam socialmente confere às abordagens de redução de danos a possibilidade de construção de um vínculo de confiança, base sobre a qual se desenvolverá o trabalho”, orienta o documento.