Maio Amarelo: conscientização para um trânsito mais harmonioso e seguro
27 de Maio de 2019
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por William Fiuza e Marina Marcon*
Embora nosso trabalho seja voltado a pessoas que possuem medo de dirigir, hoje gostaríamos de falar sobre uma outra questão: a falta de consciência no trânsito. Ao negligenciar as consequências de certas atitudes perigosas, a pessoa pode cometer atos de impulsividade e imprudência, que aparecem em ultrapassagens perigosas, direção sob efeito de substâncias, condução de veículos enquanto está prestando atenção no celular, além de outros comportamentos, que colocam em risco o próprio motorista e as outras pessoas.
A pressa, a intolerância para com os demais motoristas e a ansiedade podem ser fatores importantes a serem avaliados neste tipo de contexto. A ansiedade trata-se de um conjunto de emoções caracterizados por medo e preocupações excessivas com que pode acontecer no futuro, com pensamentos que antecipam um perigo ou dano que não necessariamente irão ocorrer na realidade. No trânsito, um certo nível de ansiedade é necessário para que o fluxo natural (suas regras e sinalizações) sejam respeitadas, ou seja, precisamos da ansiedade para refletir sobre possibilidades de cunho negativo que possam ocorrer para que possamos ter comportamentos protetivos.
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Há uma resolução do Conselho Federal de Psicologia que aborda a avaliação de novos condutores, identificando traços de personalidade que devem ser avaliados. Neste material, o Conselho determina a necessidade de uma "ansiedade adequada, não podendo estar exacerbada ou muito diminuída". A partir disso, podemos entender que a imprudência no trânsito (e todas suas consequências) são reflexo de um nível de ansiedade não adequado, pois percebe-se a falta de avaliação dos riscos e danos possíveis de se ter certos comportamentos no trânsito. Certamente isso também envolve outros fatores da nossa sociedade e da própria pessoa, como o estilo de vida, sua personalidade, a dificuldade de regulação emocional, etc.
Na Alemanha é comum que pessoas com altas reincidências de infrações de trânsito (especialmente as relacionadas ao uso de álcool e drogas) passem por intervenção psicológica. O que eles chamam de "terapia do trânsito" consiste em uma abordagem comportamental que visa prevenir novos incidentes. Pensando nisso, entendemos que as questões do trânsito são uma demanda importante para a ciência psicológica, que pode contribuir muito nesse contexto.
Iniciativas de conscientização (como é o exemplo do Maio Amarelo) são importantes para que pedestres, motoristas e ciclistas possam respeitar a legislação e, com isso, criar condições para um trânsito mais harmonioso e seguro. Afinal de contas: todas as pessoas diariamente estão no trânsito e ele é responsabilidade de todos nós!
Como mencionamos anteriormente, nosso trabalho é voltado a indivíduos que possuem medo de dirigir. Com a nossa experiência, percebemos que grande parte dessas pessoas vivenciaram situações desagradáveis no trânsito, como a impaciência e a falta de empatia por parte de outras pessoas e, não raras as vezes, a própria imprudência de outros motoristas que se dizem mais experientes. Com o objetivo de auxiliar profissionais da psicologia a trabalharem com pessoas que possuem medo de dirigir, desenvolvemos o primeiro Baralho do Medo de Dirigir em conjunto com a editora Sinopsys. Nosso objetivo é que o trânsito, num geral, seja um contexto que acolha todas as pessoas de forma respeitosa, além de favorecer que todos os motoristas possam dirigir com mais tranquilidade, cautela e consciência.
Sobre os autores:
Marina Marcon é psicóloga clínica e William Fiuza é psicólogo clínico especialista em TCC pelo Instituto Catarinense de Terapias Cognitivas. Juntos, trabalham e estudam, desde a graduação, a TCC, o trabalho com grupos e a ansiedade. São idealizadores do Programa Supere o Medo de Dirigir, que oferece atendimentos individuais e em grupo para pessoas, habilitadas ou não, que tenham medo de dirigir, além de palestras, supervisão clínica para psicólogos e treinamentos para instrutores de trânsito.