Fundamentos da Terapia Cognitivo-Comportamental na clínica infantil e adolescente
21 de Junho de 2021
A psicoterapia para crianças e adolescentes tem sido cada vez mais valorizada especialmente no âmbito dos diagnósticos precoces, visando tratamentos mais eficazes, e da prevenção de transtornos mentais na vida adulta. Nesse contexto, cresce a procura pela Terapia Cognitivo-Comportamental na clínica infantil e adolescente.
A TCC foi desenvolvida nos anos 1950 e 1960 pelo psiquiatra norte-americano Aaron Beck a partir do pressuposto de que o modo como o paciente processa e interpreta as situações é o que gera o sofrimento. Seu objetivo, portanto, é atingir a flexibilidade e a ressignificação dos modos patológicos de processamento da informação.
Tal abordagem foi inicialmente direcionada ao atendimento de adultos, porque se acreditava que as crianças e os adolescentes não possuíam maturidade cognitiva para usufruírem de algumas técnicas utilizadas.
Entretanto, a partir da década de 1980, os trabalhos relacionados à Terapia Cognitivo-Comportamental na clínica infantil e adolescente começaram a apresentar maior consistência. Tal fato pode estar relacionado aos modelos construtivistas dentro da abordagem que enfatizam o papel proativo e dinâmico dos indivíduos em suas experiências.
Esses modelos retomaram a importância das intervenções focadas nas emoções e do caráter interpessoal de construção do conhecimento. A chamada Terceira Onda em TCC, a qual propõe intervenções que enfocam o papel adaptativo das emoções, possibilitou uma ampliação de visão e aprimoramento dos tratamentos com crianças e adolescentes.
ASPECTOS COGNITIVOS
Em suma, a Terapia Cognitivo-Comportamental na clínica infantil e adolescente tenta entender como os aspectos cognitivos podem originar transtornos emocionais e comportamentais.
Por isso, o terapeuta busca identificar quais são as dificuldades vivenciadas naquele momento pelo paciente, eventos anteriores importantes, qual a percepção que tem de si mesmo e do outro. Crenças, estratégias de recompensa e expectativas da família em direção ao indivíduo também têm relevância no tratamento.
INDICAÇÃO
A TCC não é indicada somente para crianças e adolescentes com problemas psiquiátricos ou distúrbios de comportamento. Cada vez mais, esse apoio psicológico é procurado também para lidar com conflitos corriqueiros da vida, mas que, se forem ignorados, podem gerar prejuízos em sua qualidade de vida e autoestima.
Entre os padrões específicos de comportamento e condições psiquiátricas na infância e adolescência que se beneficiam dessa abordagem psicoterapêutica constam: birra ou intransigência, fobia social, ansiedade, depressão, transtornos alimentares, dificuldades de aprendizagem, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Transtorno Opositivo-Desafiador (TOD) e Transtorno do Espectro Autista (TEA).
PREVENTIVO
Assim como em outras abordagens teóricas, a Terapia Cognitivo-Comportamental na clínica infantil e adolescente deve ser fomentada e estimulada no sentido preventivo e também aumentando e valorizando a atenção ao sofrimento psíquico na infância e na adolescência.
Além de ser de fundamental importância para a promoção da resiliência em uma fase inicial da vida, que pode garantir um desenvolvimento saudável ao longo do ciclo vital, o trabalho da TCC com crianças e adolescentes é dinâmico, estimula a criatividade e é gratificante.
Cabe ao terapeuta cognitivo exercer sua prática com sensibilidade e criatividade, com a certeza de que cada criança e cada jovem é um ser único e especial.