TCC: protocolos para trabalhar comportamentos aditivos

As características dos comportamentos aditivos estão definidas no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5-TR) em duas seções principais: transtornos relacionados a substâncias e transtornos aditivos e transtorno obsessivo-compulsivo e transtornos relacionados.

Essencialmente, essas características envolvem a presença de angústia ou ansiedade quando o ato viciante não pode ser feito ou está ausente. A repetição do comportamento e o aumento gradual de sua frequência são igualmente traços distintivos.

Esses comportamentos também podem estar acompanhados por sintomas físicos resultantes da abstinência (como tremores, sudorese e taquicardia) e manifestar um caráter compulsivo e repetitivo.

Da mesma forma, podem ocupar uma parte significativa da vida do indivíduo, prejudicando suas relações familiares, profissionais, afetivas e sociais, causar tensão antes do ato (ou fissura) seguida de alívio após, assim como resultar em esforços infrutíferos para reduzir, controlar ou eliminar o comportamento aditivo não adaptativo.

Outros exemplos

Além da dependência química, encontram-se outros exemplos de comportamentos aditivos na prática do jogo patológico, em que há uma busca constante por ganhos, muitas vezes, sem considerar os riscos financeiros envolvidos.

Também são observados comportamentos aditivos na compulsão por compras, em que as pessoas gastam de forma compulsiva sem verificar o saldo bancário; na compulsão alimentar, que envolve comer excessiva mente mesmo quando não se está com fome; no exagero nas atividades físicas; na dependência da internet; entre outros.

Abordagens

Várias abordagens da terapia cognitivo-comportamental (TCC) usadas no tratamento de transtornos por uso de substâncias podem ser aplicadas com indivíduos que têm comportamentos de “exagero” em relação a drogas, sexo, comida, compras, internet, jogos etc.

Embora tenham semelhanças, essas patologias não estão categorizadas no mesmo espectro diagnóstico, levando à criação do termo ‘transtornos do exagero’ para descrevê-las.

O tratamento para dependência envolve uma avaliação inicial, desintoxicação – se necessário –, psicoterapia, participação em grupos de apoio, medicamentos – quando apropriado –, reabilitação em regime de internação – se necessário –, tratamento de saúde mental concomitante, desenvolvimento de um plano de prevenção de recaídas e apoio social e familiar.

A intervenção é adaptada às necessidades individuais do paciente e é fundamental para a recuperação da dependência. O acompanhamento contínuo e o suporte são vitais para manter o controle do uso a longo prazo.

Livro

O livro ‘Protocolos clínicos em terapia cognitivo-comportamental: de Beck à terceira onda’, de autoria das psicólogas Sabrina Martins Barroso e Deise Coelho de Souza e publicado pela Sinopsys Editora, é um norteador para o tratamento de comportamentos aditivos e de outras psicopatologias, pois cada profissional pode fazer sua leitura pessoal sobre como atuar.

A obra apresenta diversos protocolos nacionais e internacionais com base nas abordagens clássica e de terceira onda da TCC, separando-os por tipo de atendimento (individual ou em grupo) e diferenciando as propostas presenciais daquelas desenvolvidas para atendimento on-line ou misto.

Para cada protocolo, estão descritos seu objetivo, seus autores, o número esperado de sessões, a periodicidade prevista para os encontros, tempo de duração de cada sessão, os assuntos para trabalhar em cada sessão (agenda) e as tarefas terapêuticas/planos de ação adotados para potencializar os atendimentos.