Uso da DBT na prevenção do suicídio entre pessoas idosas
18 de Setembro de 2024
Os idosos (maiores de 60 anos) são o segundo grupo mais afetado pelo suicídio no Brasil depois dos adultos do sexo masculino (25 a 59 anos). Conforme dados do Ministério da Saúde, as respectivas taxas foram de 8,60 e 9,59/100.000 em 2022.
Os problemas de saúde mental relacionados à idade são uma realidade inquestionável. O crescente envelhecimento da população torna urgente a compreensão do tema e o refinamento dos modelos de intervenção psicossociais vigentes.
Nesse contexto, a terapia cognitivo-comportamental (TCC) vem revelando-se uma abordagem terapêutica eficaz na terceira idade para uma ampla diversidade de problemas e transtornos mentais, como depressão, bipolaridade, ansiedade, ideação e comportamento suicida, psicose e demência.
Visão dialética
Uma abordagem da chamada terceira onda das terapias cognitivo-comportamentais que vem sendo adaptada a esse público com resultados satisfatórios é a terapia comportamental dialética (DBT), fundamentada na teoria biossocial.
Embora compartilhe alguns princípios e estratégias da TCC, a DBT distingue-se pela adoção da visão dialética do mundo como estrutura para a compreensão da etiologia e natureza da psicopatologia.
A DBT foi originalmente desenvolvida para tratar indivíduos suicidas crônicos diagnosticados com o transtorno da personalidade borderline, sendo, atualmente, reconhecida com um tratamento standard para esse quadro clínico.
Consequentemente, na última década, tem sido adaptada e desenvolvida para outras populações clínicas, como a dependência de substâncias, depressão, transtorno de estresse pós-traumático e transtornos alimentares.
Repertório
Os objetivos principais da DBT são promover e aumentar o reportório de comportamentos dialéticos nos pacientes por meio do ensino de habilidades que os ajudem a pensarem de forma dialética e a lidarem com as suas emoções intensas e os comportamentos disfuncionais de forma regulada e equilibrada.
O pensamento dialético requer a capacidade de reconhecer que a realidade é complexa e multifacetada, a integração de pontos de vista contraditórios e o lidar com abertura com a flexibilidade, a inconsistência e a mudança.
O terapeuta promove o estilo de pensamento dialético ajudando os pacientes a reconhecerem seus padrões de pensamento rígidos, absolutistas e extremados, sugerindo e guiando a elaboração de novas formas de olhar para a realidade, mais flexíveis e ajustadas.
Os pacientes são ensinados a moverem-se para posições mais equilibradas, entre os extremos, de forma a conseguirem a integração, a síntese e o crescimento.
Livro
O assunto é aprofundado no livro ‘Terapias cognitivo-comportamentais com idosos’, organizado pelos psicólogos Eduarda Rezende Freitas, Altemir José Gonçalves Barbosa e Carmem Beatriz Neufeld.
Publicada pela Sinopsys Editora, esta é a primeira obra de terapia cognitivo-comportamental destinada aos idosos no Brasil. Tem como público-alvo especialistas e estudantes de psicologia do envelhecimento, de psicologia clínica e de terapias cognitivo-comportamentais.
O conteúdo engloba mudanças socioculturais, populacionais, históricas e epidemiológicas que alteraram a forma de conviver das categorias etárias, das famílias, da velhice, das instituições sociais e da própria psicologia.
Também inclui novos paradigmas em psicologia, sendo o principal deles o que admite a possibilidade de promoção de mudanças comportamentais em idosos.