Terapia de aceitação e compromisso: metáforas e exercícios

Na aplicação bem-sucedida da terapia de aceitação e compromisso (ACT, pronunciada como uma palavra única, do inglês acceptance and commitment therapy), as metáforas e os exercícios desempenham um importante papel. Essas poderosas ferramentas ajudam os pacientes a se conectarem com seus valores e lhes dão a motivação necessária para assumir um compromisso real e consciente com a mudança.

A ACT sugere que a inflexibilidade psicológica está na essência do sofrimento humano, e tal inflexibilidade surge pelo emaranhar-se com as regras verbais e as armadilhas da linguagem. Por meio dos seis processos terapêuticos centrais, as pessoas aprendem a reduzir o impacto da linguagem literal (recebendo as mensagens da mente ao pé da letra e se fundindo com esse conteúdo). Isso cria o espaço de manobra necessário para tomar ações guiadas por valores pessoais em vez de motivadas por eventos privados internos.

No entanto, se a linguagem está na essência do sofrimento humano, como é viável usar a psicoterapia para aliviar o sofrimento, considerando que seu fundamento é o diálogo verbal? Embora não seja possível argumentar contra a necessidade do uso da comunicação oral, a terapia de aceitação e compromisso tenta contornar alguns dos problemas inerentes da linguagem literal ao se afastar da didática e do diálogo tradicionais e se voltar para um encontro mais experiencial.

Por meio de exercícios de mindfulness, os pacientes são encorajados a observar e fazer contato com seus pensamentos e suas emoções quando ocorrem tanto dentro quanto fora da sessão. Além disso, o uso de uma ampla variedade de metáforas e exercícios experienciais é essencial para ajudá-los a entenderem a abordagem de um modo experiencial em vez de intelectual.

Perspectiva diferente

Os exercícios experienciais formais não são a única maneira de ajudar as pessoas a enfraquecerem os efeitos negativos da linguagem. Também é possível, por exemplo, guiar a atenção para sua experiência direta por meio de perguntas, reformulações e estímulos para adotarem uma perspectiva diferente.

Além disso, certas formas de linguagem são ativadores experienciais genuínos. Em particular, as metáforas são emblemáticas do uso experiencial da linguagem na ACT, que emprega essa ferramenta para um fim específico. Elas tornam concretos os conceitos abstratos ao fornecerem um contexto verbal rico que evoca pensamentos, sentimentos e comportamentos semelhantes aos evocados pela situação real do indivíduo.

A característica das metáforas de se assemelharem a uma história tem a vantagem de oferecer lições instrutivas que são ricas em detalhes emocionais e perceptuais, simulando o contato direto com o ambiente e tornando a experiência mais memorável.

As metáforas criam um mundo verbal em que os pacientes podem explorar novos comportamentos e descobrir as contingências por conta própria, contornando as armadilhas potenciais da aprendizagem por regras. Também chamam a atenção para características relevantes de uma situação que podem passar despercebidas no ambiente do mundo real do sujeito, liberando-o da prisão construída pela linguagem.

Lançamento

Em ‘O grande livro de metáforas da ACT: um guia do clínico para exercícios experienciais e metáforas na terapia de aceitação e compromisso’, as pesquisadoras e praticantes da ACT Jill Stoddard e Niloofar Afari apresentam uma perspectiva abrangente dos seis processos centrais da abordagem, além de mais de 70 metáforas e exercícios experienciais para ajudar a promover a aceitação, a desfusão e a ação baseada em valores.

Também são incluídos roteiros adaptados a diferentes pacientes, bem como metáforas e tarefas abordando problemas específicos que podem surgir nas sessões. Independentemente de o terapeuta estar tratando alguém com ansiedade, depressão, trauma ou qualquer outra dificuldade, a obra fornece os recursos necessários para melhorar vidas.

Publicado pela Sinopsys Editora, o livro é voltado a terapeutas da ACT e outros profissionais interessados. Tem apresentação do psicólogo norte-americano Steven Hayes, cofundador da terapia de aceitação e compromisso.