LGBTQIAP+ e TCC: orientação a pais ou outros responsáveis
24 de Julho de 2024
Ter suporte familiar minimamente adequado é fundamental para a saúde física e mental de qualquer ser humano em desenvolvimento. Quando se trata de jovens LGBTQIAP+, tal suporte funciona inclusive como uma espécie de amortecedor dos efeitos dos estressores específicos e crônicos aos quais minorias sexuais e de gênero (MSG) estão vulneráveis.
Observa-se, no entanto, que a família pode ser uma das principais fontes de estigmatização, preconceito e discriminação. Violência, assédio verbal, expulsão de casa, prejuízos financeiros, microagressões e outros eventos associados ao estresse de minorias podem estar presentes na convivência de pais ou outros cuidadores e jovens LGBTQIAP+.
Os desfechos negativos que um suporte familiar deficitário pode trazer incluem baixa autoestima, homofobia e/ou transfobia internalizada, menor suporte social e maior prevalência de depressão, transtornos de ansiedade, ideação e comportamento suicidas.
Em contrapartida, as minorias sociais e de gênero que têm apoio de seus responsáveis tendem a ter maior autoaceitação e autoestima, conforto com a própria sexualidade, criação de estratégias de enfrentamento adaptativas, maior resiliência e melhor suporte social, incluindo maior conforto para “sair do armário” para outras pessoas.
Fator de proteção
Para se tornar um fator de proteção na vida de filhos LGBTQIAP+, alguns pais ou outros cuidadores podem precisar de orientação e/ou psicoterapia, de modo a adequar crenças distorcidas sobre MSG, ajustar a comunicação com os filhos para que possam estreitar vínculos e auxiliá-los a criarem uma identidade positiva.
Para atender a essas demandas, é indispensável que terapeutas obtenham conhecimento teórico e técnico sobre minorias sociais e de gênero. Trata-se de um tema com grande relevância social, visto que muitos indivíduos, incluindo crianças e adolescentes, podem estar em situações de preconceito, discriminação e/ou violência no contexto familiar.
Ao oferecer informações e intervenções com respaldo científico e ético, o objetivo é contribuir para que jovens LGBTQIAP+ possam se desenvolver em ambientes familiares respeitosos e acolhedores.
Livro
Este e outros temas afins são aprofundados no livro ‘Prática clínica com minorias sociais: fundamentos e intervenção em terapia cognitivo-comportamental’, organizado pelas psicólogas Fernanda de Oliveira Paveltchuk, Carolyne Batista Juvenil e Marcele Regine de Carvalho e publicado pela Sinopys Editora.
Com linguagem acessível e abrangente, a obra reúne as principais contribuições baseadas em evidências sobre as competências multiculturais necessárias no tratamento psicoterapêutico de minorias sociais. Escrito por especialistas brasileiros que pesquisam esse tema, apresenta o que há de mais atual na literatura científica.
É leitura essencial para estudantes de psicologia, psicólogos e outros profissionais da área da saúde que trabalham ou desejam trabalhar com pessoas de grupos minorizados a partir da psicologia baseada em evidências.