Desmistificando a sexualidade em psicólogos
08 de Março de 2022
A Organização Mundial de Saúde (OMS) entende a sexualidade como sendo influenciada pela interação de fatores biológicos, psicológicos, sociais, econômicos, políticos, culturais, legais, históricos, religiosos e espirituais.
Entretanto os cursos de formação na área da saúde e educação, ainda hoje, abordam a sexualidade em aspectos biológicos em detrimento das perspectivas socioculturais, históricas e comportamentais.
Tal lacuna compromete o preparo dos futuros profissionais, inclusive psicólogos, para uma abordagem eficaz e contextual acerca do tema.
Consequentemente, as taxas de sucesso dos tratamentos psicoterapêuticos nessa área seguem moderadas. Mesmo entre a população com parceiros fixos, os conflitos conjugais permanecem pouco atendidos.
Por sua vez, os problemas específicos da população homossexual, transgêneros e de minorias étnicas também são pouco estudados. Sendo assim, permanece aberta a possibilidade de importante papel a ser desenvolvido por abordagens psicológicas inovadoras para as questões da sexualidade.
REPRESSÃO
Além do despreparo profissional, a repressão em relação à sexualidade continua vigorando na sociedade contemporânea, de modo que perduram associações do sexo com ideias de pecado, inadequação, promiscuidade e imoralidade.
Nesse contexto de educação sexual precária e distorcida, as pessoas acabam carregando consigo uma gama de preconceitos e sentimentos muitas vezes negativos em relação à sexualidade, o que exacerba ainda mais a dificuldade em falar sobre o assunto abertamente, de maneira ética e científica, não normatizando e patologizando.
CRENÇAS
No que diz respeito à prática dos psicólogos, esses profissionais devem considerar que as crenças sexuais e outras variáveis cognitivas são importantes aspectos dentro dos múltiplos fatores implicados nos problemas sexuais.
Se o terapeuta corrobora as crenças distorcidas do paciente, ele corre o risco de endossar todas essas crenças e fazer intervenções iatrogênicas.
Além disso, o terapeuta deve conhecer os mitos sexuais, para que possa identificar quais aspectos da sexualidade serão mais relevantes em suas intervenções psicoeducativas e de reestruturação cognitiva.
REFLEXÕES
Então a educação sexual precisa não apenas orientar, ensinar e informar, mas também produzir discussões, reflexões e questionamentos acerca de valores e concepções, possibilitando a compreensão dos referenciais culturais, históricos e éticos que fundamentam e desenvolvem a sexualidade.
Além disso, ela precisa ajudar as pessoas a terem uma visão positiva da sexualidade, desenvolver uma comunicação mais assertiva, elaborar seus próprios valores, compreender melhor seus comportamentos e os dos outros e tomar decisões responsáveis e saudáveis a respeito de sua vida sexual.
Desse modo, é considerada fundamental a ampliação das discussões sobre a sexualidade humana em espaços acadêmicos e com profissionais de diversas áreas científicas para a capacitação profissional.