Conheça as principais abordagens da Psicologia
15 de Junho de 2021
Chega um momento na vida do estudante de Psicologia ou do psicólogo formado em que ele é confrontado com a seguinte pergunta: qual a abordagem da Psicologia escolher? Essa escolha é de extrema importância tanto para iniciantes quanto para profissionais que estão no mercado há anos e optam por mudar sua intervenção terapêutica.
Diante da diversidade de abordagens e suas diferenças conceituais, é comum o surgimento de conflitos e dúvidas. Mas é preciso escolher, pois a abordagem é o que guia o profissional de Psicologia na maneira de atuar com a problemática apresentada e a forma de olhar para o paciente. Ter uma base teórica sólida é essencial para um trabalho coeso e objetivo.
Portanto, para reduzir as chances de uma escolha equivocada, é fundamental que o estudante ou o profissional tenha um alto grau de autoconhecimento. E também saiba discriminar quais as variáveis que estão relacionadas à sua escolha por esta ou aquela abordagem e se essas variáveis, de fato, dão sentido à sua prática clínica.
CAPACITAÇÃO
Por esses e outros motivos, a graduação em Psicologia pode ser considerada um ponto de partida e a capacitação deve ser algo constante na vida do psicólogo.
Ao conhecer profundamente seus gostos, interesses e sua visão de mundo, fica mais fácil encontrar a abordagem que melhor se enquadra dentro daquilo que o profissional acredita. Afinal, uma carreira duradoura e próspera tem como base aquilo em que se acredita verdadeiramente.
Da mesma forma, é preciso conhecer profundamente as abordagens da Psicologia existentes. Tentar compreender até mesmo aquelas com as quais o profissional não se identifica é um exercício, não somente para escolher uma linha de trabalho, mas também de autoconhecimento.
PSICANÁLISE
A Psicanálise é, provavelmente, a abordagem da Psicologia mais conhecida pelas pessoas em geral. Foi criada pelo médico neurologista e psiquiatra austríaco Sigmund Freud, que, no século 19, revolucionou a área da saúde ao propor tratamentos diferenciados para as questões emocionais.
O conceito central do pensamento freudiano é o inconsciente. Segundo ele, muitas das emoções e dos comportamentos humanos têm causas desconhecidas pela pessoa já que estão fora do nível da consciência racional. Tal abordagem parte da associação livre, que estimula que o indivíduo fale sobre o que quiser, sem muitas intervenções do terapeuta.
PSICOLOGIA ANALÍTICA
Também conhecida como Psicologia Junguiana, a Psicologia Analítica é uma abordagem criada no início do século 20 pelo psiquiatra e psicoterapeuta suíço Carl Gustav Jung. Ela se distingue da Psicanálise por uma noção diferenciada e abrangente da libido, pela conceituação do inconsciente coletivo e pelo surgimento da função transcendente.
O objetivo primordial da Psicologia Analítica é a conquista do eu - self - através da individuação. Jung define self como o arquétipo da totalidade e o centro regulador da psique. Central para esse processo é o encontro do indivíduo com sua psique e a introdução de seus elementos na consciência.
GESTALT-TERAPIA
A Gestalt-Terapia, também conhecida como Abordagem Gestáltica, teve sua concepção na Alemanha nos anos 1920 e chegou ao Brasil somente na década de 1970.
Seus criadores, o psiquiatra Friedrich Perls e sua esposa, a psicóloga Laura Perls, ambos psicoterapeutas, tinham críticas ao método freudiano, por considerá-lo muito interpretativo e voltado ao passado.
Assim, propuseram uma abordagem que trabalha na conscientização do que está acontecendo para facilitar que o próprio sujeito consiga alterar o que o incomoda a partir de três conceitos principais: aqui e agora, consciência e responsabilidade.
BEHAVIORISMO
O Behaviorismo ou Psicologia Comportamental é o conjunto de abordagens nascidas nos séculos 19 e 20 que propõe o comportamento publicamente observável como objeto de estudo da Psicologia. Seu desenvolvimento se deu a partir dos psicólogos norte-americanos John Broadus Watson e Burrhus Frederic Skinner.
A terapia com um psicólogo comportamental se baseia na análise dos comportamentos do paciente e visa perceber e transformar aqueles que são disfuncionais, ou seja, que trazem dificuldades e sofrimento à pessoa. Por isso, o terapeuta faz intervenções mais diretas.
HUMANISMO
O Humanismo também está entre as abordagens da Psicologia. Surgiu na década de 1950 como uma reação às ideias de análise apenas do comportamento, defendida pelo Behaviorismo, e do enfoque no inconsciente e seu determinismo, defendido pela Psicanálise. Um de seus principais teóricos é o psicólogo norte-americano Abraham Maslow.
Tal abordagem é focada no momento presente, pois busca interpretar os acontecimentos da atualidade a partir do olhar aos primeiros anos de vida do paciente. Na faculdade de Psicologia, se ensina que os terapeutas humanistas fazem o caminho contrário da Psicanálise, compreendendo o passado a partir do momento atual.
TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
A Terapia Cognitivo-Comportamental é um desdobramento do Behaviorismo. Essa abordagem foi desenvolvida no início dos anos 1960 pelo psiquiatra norte-americano Aaron Beck e integra a base comportamental a conhecimentos das neurociências. Com isso, relaciona os pensamentos, as emoções e os comportamentos humanos, ampliando a terapia comportamental clássica.
Para os teóricos da TCC, os pensamentos estão intimamente relacionados a como as pessoas vivem e aos sofrimentos emocionais que elas têm. Por isso, o psicólogo que segue essa linha não foca apenas na modificação de comportamentos, mas de padrões de pensamento que estão na origem deles.
TERAPIA DO ESQUEMA
A Terapia do Esquema é uma abordagem da Psicologia desenvolvida pelo psicólogo norte-americano Jeffrey Young. Ela amplia a Terapia Cognitivo-Comportamental tradicional e se diferencia por dar ênfase à investigação das origens dos problemas psicológicos na infância.
Conforme Young, é nessa fase da vida que surgem os esquemas iniciais desadaptativos, a partir das necessidades emocionais básicas não atendidas.
A Terapia do Esquema tem demonstrado efetividade em transtornos resistentes a outras abordagens da Psicologia, como os de personalidade, humor e ansiedade.