Amores tantalizantes: sofrimentos que não têm fim - Sinopsys Editora
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Amores tantalizantes: sofrimentos que não têm fim

Amores tantalizantes: sofrimentos que não têm fim

26 de Dezembro de 2022

Inspirado no mito grego de Tântalo, o psiquiatra e psicanalista brasileiro David Zimerman denominou amores tantalizantes aqueles nos quais a relação “não ata e nem desata”, criando-se um círculo vicioso que envolve jogos de sedução e poder capazes de produzir prazeres intensos e fugazes, os quais são seguidos por frustrações imediatas e extremamente dolorosas.

Esperança e decepção constituem-se uma marca registrada dessas histórias, aparentemente condenadas a não terem fim.

Tântalo ousou apoderar-se do manjar dos deuses no Olimpo, sendo severamente punido por Zeus. Acorrentado num lago de águas cristalinas, em um bosque cheio de árvores frutíferas, foi condenado a nunca mais saciar sua sede ou aplacar sua fome em meio à tamanha abundância. O que mais queria e necessitava estava ali, quase ao seu alcance, mas inalcançável. O desejo e a frustração constantes acompanhá-lo-iam até o final de seus dias.


ESTÍMULOS E FRUSTRAÇÕES


Amores tantalizantes costumam contar com um repertório composto por uma grande variedade de estímulos e frustrações à disposição do casal. Bons exemplos desses jogos que alternam sedução e dor são facilmente encontrados na literatura e no cinema.

Entre os filmes que podem ser destacados, estão ‘Nove e meia semanas de amor’ e ‘Cinquenta tons de cinza’. Neles, os galãs procedem de maneira a crescer a tensão e o desejo por parte de suas parceiras, que se colocam em suas mãos, mostrando-se sedentas, famintas e sempre disponíveis – até atingirem os limites do intolerável. Repete-se, então, o mesmo ciclo: estímulo, desejo, dor, afastamento, reaproximação, estímulo, desejo, dor...

O mito de Tântalo retrata perfeitamente essa modalidade de vínculo, em que existe um prisioneiro condenado a sofrer enormes privações num cenário no qual tudo sugere abundância. É de se indagar se quem encarcera é mais livre do que aquele que está em suas mãos.


PSICOTERAPIA


Em psicoterapia, pode ser útil considerar que alguns indivíduos vivem amores tantalizantes com diferentes parceiros ao longo de suas vidas, num verdadeiro círculo vicioso, o que sugere uma compulsão à repetição. Nenhuma relação permanece, mas todas elas seguem nos mesmos moldes.

Outros pares criam vínculos profundos e duradouros muito embora brigas, afastamentos e reencontros propiciam a sensação de algo que “não ata e nem desata”. O fato é que, nesses casos, eles “atam” justamente porque ambos não conseguem “atar” de um modo mais saudável e gratificante.

Eventualmente, essa mesma modalidade de amor é deslocada para a relação terapêutica, o que pode favorecer ou desfavorecer o sucesso da mesma, dependendo principalmente das condições do terapeuta no sentido de perceber o que se passa e adotar as intervenções adequadas.


LEITURA


Vínculos e saúde mental
Escrito em uma linguagem clara, de leitura agradável, o livro “Vínculos e saúde mental” prende a atenção do leitor pela importância do tema e pelo ângulo inusitado que a psicóloga Iara de Lourdes Camaratta Anton aborda situações clínicas.

Publicada pela Sinopsys Editora, a obra dá espaço e reconhecimento aos vínculos pessoais e profissionais na preservação e/ou na recuperação da saúde mental e chama a atenção para a necessidade de que sejam valorizados para formar alianças terapêuticas verdadeiras e efetivas com os pacientes.

Vínculos e saúde mental
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Tags

Vínculos, saúde mental, sofrimentos humanos, terapia de casal, amores tantalizantes, psicoterapia

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