Terapia do esquema emocional de Robert Leahy

A terapia do esquema emocional — emotional schema therapy em inglês — está entre as chamadas terapias cognitivo-comportamentais (TCCs) de terceira geração ou contextuais. Desenvolvida pelo psicólogo norte-americano Robert Leahy, a EST se concentra na maneira como os seres humanos pensam sobre suas emoções, as avaliam e lidam com elas.

Segundo Leahy, a cognição e a emoção estão entrelaçadas e podem se comunicar. Afinal, as emoções frequentemente dizem às pessoas o que importa para elas e o que as motivará.

Para ele, é preciso ter em mente que a palavra `emoção` é derivada do latim para `mover`, ou seja, as emoções movem os indivíduos. Mas suas interpretações dos eventos, suas avaliações de suas emoções e suas estratégias para lidarem com elas fazem parte de um quadro mais completo. É esse quadro maior que a terapia do esquema emocional explora.

Na opinião de Leahy, a emoção não é apenas determinada biologicamente, mas também construída socialmente. Pessoas de diferentes culturas têm expectativas diferentes sobre a expressão das emoções e especialmente sobre tocar umas às outras. A terapia do esquema emocional coloca a emoção no centro do pensamento e da experiência e tenta elucidar como essas construções sociais e estratégias de regulação e expressão se manifestam.

Nos últimos anos, avanços importantes ocorreram nas TCCs que auxiliam os indivíduos a lidarem com emoções difíceis. Tais modelos englobam a complexidade de todos os níveis de emoções e de seu processamento, oferecendo uma abordagem transdiagnóstica baseada em processos, não nas categorias do Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5).

Por exemplo, a terapia de aceitação e compromisso (ACT), com a ênfase em mindfulness (atenção plena), acentua a relação que o indivíduo tem com seus pensamentos e emoções em vez do conteúdo dos pensamentos que as originam. Também enfatiza o papel dos valores no esclarecimento dos propósitos que permitem aos seres humanos tolerarem a frustração e o desconforto enquanto buscam sentido em suas vidas.

A terapia do esquema emocional de Robert Leahy baseia-se em algumas das ideias da ACT, mas se relaciona mais à descrição da teoria da emoção do indivíduo e à teoria da regulação emocional. É um modelo cognitivo sobre a forma como as pessoas pensam e respondem às suas emoções, mas utiliza estratégias consistentes com a terapia de aceitação e compromisso.

Outra abordagem relevante das terapias contextuais é a terapia comportamental dialética (DBT), que foca habilidades de regulação emocional e comportamental e auxilia os pacientes a reconhecerem seus mitos sobre as emoções.

A terapia do esquema emocional reconhece e incorpora muitas dessas ideias e técnicas, mas o modelo da DBT não é, em si, focado na forma como as pessoas pensam sobre as emoções, as avaliam, as explicam ou as valorizam.

Conforme Leahy, a terapia metacognitiva (TMC) é a que se relaciona mais diretamente com a EST, com sua ênfase na síndrome atencional cognitiva, em inglês, cognitive atentional syndrome (CAS), na qual os indivíduos se fixam em seus pensamentos, tentando controlar ou suprimir pensamentos indesejados e, assim, perpetuam um ciclo de preocupação ou de ruminação.

Pode-se ver a abordagem da terapia do esquema emocional como tendo algumas semelhanças estruturais com a TMC, mas sua ênfase está nas emoções, não nos pensamentos, uma vez que eles estão ligados a valores, comportamentos e ao funcionamento interpessoal.

Leahy se interessou pela terapia cognitiva depois de se desiludir com a psicologia psicodinâmica, a qual acreditava não ter suporte empírico suficiente. Muitos de seus livros clínicos foram fundamentais na divulgação do modelo cognitivo em sua aplicação no tratamento da depressão, do transtorno bipolar, dos transtornos de ansiedade, do ciúme e na regulação emocional.

Além disso, ele publicou amplamente sobre a aplicação da abordagem cognitiva à relação terapêutica, transferência e contratransferência, resistência à mudança e crenças sobre a regulação emocional que podem sustentar estratégias problemáticas para lidar ou responder a emoções no contexto terapêutico.

Com a terapia do esquema emocional, Leahy expandiu o modelo cognitivo. De acordo com a EST, os indivíduos diferem em suas crenças sobre a legitimidade de certas emoções, sua duração, a capacidade de expressar emoções, a necessidade de controlar as emoções, quão semelhantes suas emoções são às dos outros e a capacidade de tolerar sentimentos ambivalentes. Essas crenças e as estratégias a elas ligadas são chamadas de esquemas emocionais.

A terapia do esquema emocional vem contribuindo na compreensão e no tratamento do sofrimento emocional, o que engloba ciúme, inveja, ambivalência e outras emoções e como esses esquemas emocionais podem impactar relacionamentos interpessoais e afetar também o relacionamento terapêutico.