Datas importantes pela conscientização e inclusão

O Dia Nacional dos Surdos, celebrado em 26 de setembro, é uma data significativa que tem como objetivo promover a conscientização sobre o tema e a importância da inclusão das pessoas surdas na sociedade.

Também é um momento para ressaltar que a surdez não é uma limitação, mas uma característica que deve ser respeitada e valorizada, e para discutir a importância da Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio de comunicação e expressão cultural da comunidade surda.

A data foi escolhida em homenagem à criação da primeira escola para surdos no Brasil, em 1857, por Dom Pedro II, que reconheceu a necessidade de educação especializada para essa população.

Já em 12 novembro, celebra-se o Dia Nacional da Pessoa com Surdocegueira, que tem como objetivo conscientizar a sociedade sobre as necessidades específicas de organização social e de políticas públicas para promover inclusão e acessibilidade.

A data busca, ainda, combater o preconceito e a discriminação, demonstrar as potencialidades das pessoas com surdocegueira e estimular ações educativas para a prevenção da deficiência na gestação.

Perda sensorial dupla

Também chamada de perda sensorial dupla ou comprometimento multissensorial, a surdocegueira é o conjunto simultâneo da perda auditiva e visual em diferentes graus. Consequentemente, afeta significativamente a comunicação, a socialização, a mobilidade e a vida diária dos indivíduos com essa condição.

A expressão surdocegueira foi usada pela primeira vez nos anos 1990 como um substituto para “surdos e cegos”. A junção das duas palavras deu mais clareza e definiu a condição como uma deficiência única.

Diferenças marcantes

Embora pareça que surdocegueira e deficiência visual e/ou auditiva compartilhem muitas características, existem diferenças marcantes.

Um exemplo no contexto da educação é que, sendo um indivíduo com deficiência multissensorial, a privação do uso dos seus sentidos espaciais faz com que ele processe informações de maneira diferente do aluno cego e/ou surdo. Portanto as estratégias para obter resultados também são diferentes.

Nesse sentido, a sociedade como um todo precisa se conscientizar da existência da surdocegueira, pois, em geral, as pessoas que têm essa condição são identificadas apenas em relação à cegueira ou à surdez. As duas deficiências juntas, no entanto, exigem mecanismos diferenciados para a inclusão e a acessibilidade de surdocegos.

Livro

O livro de literatura infantil acessível ‘Passeando pelo pátio’, da educadora brasileira Fernanda Cristina Falkoski e publicado pela Sinopsys Editora, é direcionado a crianças com surdocegueira ou com outras deficiências em fase de alfabetização.

Em formato inédito, a obra é resultado de estudos teóricos enriquecidos pela grande vivência prática da autora junto a alunos com surdocegueira e deficiência múltipla sensorial.

Acessível a pessoas de todas as idades (com ou sem alguma deficiência) que tenham interesse em ler, conta uma história do cotidiano infantil com personagens que conduzem o leitor a explorar os elementos encontrados em um passeio pelo pátio.

Além da escrita em português impressa em tamanho de fonte ampliado, para pessoas com baixa visão, disponibiliza o braille, para quem nada enxerga ou dele faz uso. E em vez de ilustrações em tinta, traz elementos mais próximos dos reais para serem tocados.

A publicação vem acompanhada de uma caixa de antecipação, a qual contém uma série de itens que fazem parte do enredo da história, como a miniatura de uma casa, de uma flor e de uma folha de árvore, por exemplo.

Esses objetos de referência, que têm a função de substituir as palavras, podem ser manuseados um a um e terem seus significados e conceitos associados antes mesmo de o livro ser folheado, fazendo com que a pessoa antecipe a compreensão do que irá encontrar pelo caminho.