Transtorno explosivo intermitente e o papel da psicologia
08 de Janeiro de 2025
O transtorno explosivo intermitente (TEI) é caracterizado por diversos episódios de explosões de raiva impulsiva que podem ser manifestados por meio de agressões verbais ou físicas.
São manifestações impulsivas não premeditadas e extremamente difíceis de prever. Além disso, as explosões acontecem sem gatilho ou não são proporcionais ao evento estressor.
O TEI é pouco estudado e, portanto, subdiagnosticado e subtratado. É altamente prevalente, persistente e acarreta sérios prejuízos à vida das pessoas.
Indivíduos com a patologia sofrem com uma dor interior que lhes parece não ter solução. Sabem, em seu íntimo, que estão longe de serem maus. Pelo contrário, têm plena consciência de que são bons e que, em grande parte do tempo, estão preocupados com o outro.
Isso, no entanto, não os impede de serem extremamente agressivos, raivosos e causarem muito sofrimento aos que os rodeiam. Em muitos momentos, desacreditam de si mesmos, chegam a pensar que nasceram com um problema incurável e, dessa forma, o sentimento de desesperança se instala.
Psicoterapia
Ao trabalhar com possíveis portadores de transtorno explosivo intermitente, o psicólogo deve ter em mente que se trata de um paciente que já experienciou inúmeros episódios em que teve muita dificuldade de resistir ao impulso agressivo, o que acabou por acarretar perdas significativas em quase todos as esferas de sua existência.
Sendo assim, quando esse indivíduo chega ao consultório de psicologia, geralmente, sua vida está desestruturada e sua autoestima é praticamente nula.
Existem dois tipos de pacientes com transtorno explosivo intermitente: aquele que vem por vontade própria e aquele que é intimado a buscar tratamento.
Ambos apresentam alto grau de sofrimento, sentem-se incompreendidos, acreditam que as pessoas não enxergam o seu lado da história, que sua reação, em muitas situações, só ocorre por terem sido provocados.
Portanto é importante que o psicólogo seja empático com sua angústia e escute seu relato atentamente. Se o indivíduo se sentir confortável para dividir sua dor, um importante passo já terá sido dado em direção à aceitação do tratamento.
Inadequação
Perceber-se inadequado é uma experiência recorrente ao paciente com TEI e, ao notar que está sendo compreendido e contido em seu sofrimento, a construção do vínculo é uma possibilidade presente. Criar uma sensação de esperança o motiva em relação à terapia, podendo conduzir a melhores resultados.
Entender o que esse sujeito veio buscar na primeira entrevista facilita a construção do vínculo terapêutico. O psicólogo, nesse momento, deve ter a sensibilidade de perceber qual será o seu papel.
Mais do que questões técnicas, diagnósticas, o psicoterapeuta deve ter em mente que tem diante de si um paciente arisco, na defensiva, e se colocar como um profissional que, além de sua competência acadêmica, é alguém capaz de amparar o paciente.
A prioridade é se encarregar da construção do vínculo, garantindo segurança, confiança e confidencialidade.
Colaboração
Outro aspecto fundamental é mostrar à pessoa com transtorno explosivo intermitente o quanto ela é importante nesse momento. Ressaltar que sua colaboração amplia a possibilidade de sucesso do tratamento, que ambos formarão uma dupla que tem como objetivo maior saúde e o bem-estar emocional do paciente.
As psicoterapias orientadas ao insight têm mostrado menos respostas no tratamento do transtorno explosivo intermitente do que as terapias cognitivo-comportamentais (TCCs), principalmente as que dão ênfase às técnicas para o controle da raiva, utilizando o relaxamento, o treinamento de habilidades sociais e o enfrentamento de problemas.
Literatura
O livro ‘Mente impulsiva, comportamento explosivo: transtorno explosivo intermitente’, de autoria da psicóloga Vânia Calazans e publicado pela Sinopsys Editora, aprofunda o tema sob vários aspectos.
O propósito da obra é apresentar o TEI ao maior número de pessoas, pois somente por meio do conhecimento é possível minimizar o sofrimento e o preconceito acerca do assunto. Embora tenha sido escrito para profissionais da saúde, a linguagem utilizada é de fácil compreensão para o público geral.