Terapia racional-emotiva comportamental: técnicas de intervenção
14 de Setembro de 2022
A terapia racional-emotiva comportamental (TREC) é uma abordagem terapêutica que oferece várias possibilidades de intervenções efetivas para diversos transtornos mentais. No entanto, a utilização das mesmas deve ser criteriosa e embasada no modelo cognitivo de Albert Ellis.
As técnicas de intervenção da TREC procuram ajudar o paciente a se conscientizar de que seu sofrimento está associado a crenças irracionais e absolutistas sobre si mesmo, sobre os demais e sobre o mundo.
No entanto, a terapia racional-emotiva comportamental não objetiva somente auxiliar o indivíduo a perceber a existência dessas crenças, mas também compreender como foram desenvolvidas, como são mantidas, como questioná-las e revê-las.
RACIONAL
Conforme a abordagem, as pessoas, em geral, podem aprender a pensar de modo mais racional, sendo capazes de debater e desafiar crenças disfuncionais. Consequentemente, podem deixar de produzir sofrimento com suas interpretações e ainda evitar que novas crenças irracionais sejam desenvolvidas.
A partir dessas ideias básicas e considerando que a TREC é uma forma ativa e diretiva de psicoterapia, o terapeuta tem uma ação objetiva para identificar as crenças do cliente.
Além disso, atua em um modelo educacional, ensinando o indivíduo a se conscientizar de seu próprio padrão cognitivo, compreender melhor a si mesmo e modificar seu comportamento.
AVALIAÇÃO INICIAL
Em termos práticos, a primeira intervenção técnica na terapia racional-emotiva comportamental é a avaliação inicial, de preferência, utilizando aspectos cognitivos, emocionais e comportamentais.
Tal avaliação deve levar em conta o modelo ABC de Ellis, no qual A se refere à situação ativadora e à inferência realizada diante dela, B diz respeito às crenças do indivíduo diante das situações ativadoras e C está relacionado às consequências emocionais e comportamentais que ocorre na presença de A.
DEBATE
Outro aspecto básico da terapia racional-emotiva comportamental é a técnica do debate, representada pela letra D e utilizada quando o paciente já está ciente de A, B e C para ajudá-lo a mudar o padrão cognitivo disfuncional.
Debater significa combater/desafiar as crenças do indivíduo de modo que ele possa parar e refletir, desenvolvendo nova visão da situação ativadora.
O debate se dá por meio de questionamentos de natureza cognitiva, imaginária e/ou comportamental e ocorre em dois momentos, sendo o primeiro o exame e o desafio do modo atual de pensar e o segundo o desenvolvimento de padrões cognitivos adaptativos e funcionais.
CONDICIONAMENTO
A TREC também utiliza técnicas de condicionamento operante para reforçar mudanças cognitivas e emocionais. Entre os métodos mais comportamentais, estão reforço, custo de resposta, treino de assertividade, treinamento de habilidades, extinção e implosão in vivo para estímulos como medo.
Por sua vez, a técnica de reeducação cognitivo-emocional inclui cinco etapas: compreensão intelectual, prática de transformação, dissonância cognitivo-emotiva, reeducação emocional e estabelecimento de um novo traço de personalidade.
O uso do humor também pode fazer parte do processo terapêutico da terapia racional-emotiva comportamental de modo a evidenciar o absurdo de certas crenças irracionais. Tal estratégia pode se dar por meio da intenção paradoxal, linguagem evocativa, ironia, sagacidade, desenhos animados e canções humorísticas e racionais.
O humor atua em três frentes: cognitiva, porque apresenta de um modo sugestivo novas ideias aos clientes rígidos; emocional, porque proporciona alegria; e comportamental, porque provoca diferentes ações.
Ainda entre as técnicas de intervenção da TREC, podem ser citados tarefas de casas, role-play, automonitoramento de pensamentos e comportamentos e técnicas de relaxamento.
LEITURA
O livro “Terapia racional-emotiva comportamental na teoria e na prática clínica” detalha o processo terapêutico da TREC no tratamento de vários tipos de transtornos mentais, como de ansiedade, alimentares, depressivos, obsessivo-compulsivo e de déficit de atenção/hiperatividade.
Aborda, ainda, o uso da abordagem no tratamento do abuso de substâncias, do câncer, da dor crônica, timidez, dependência amorosa, do luto, de pessoas com ideação suicida, casais, famílias e no treinamento de habilidades sociais.
Publicada pela Sinopsys Editora e organizada pelas psicólogas Marilda Emmanuel Novaes Lipp, Tátila Martins Lopes e Gabriela Fabbro Spadari, a obra tem seus capítulos ilustrados com casos clínicos de crianças, adolescentes, adultos e idosos tratados dentro dos conceitos da TREC.