Terapia de Aceitação e Compromisso: Métodos Clínicos
19 de Julho de 2021
A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) vem mostrando eficácia no tratamento de diferentes transtornos, entre eles, os depressivos, psicóticos, alimentares e de ansiedade, assim como no abuso de substâncias e dores crônicas.
Na ACT, uma terapia breve, terapeuta e paciente costumam estabelecer o número e a duração das sessões já no início do tratamento, o que pode variar conforme a necessidade. Tudo vai depender do diagnóstico do paciente (se ele tiver um diagnóstico, o que não é obrigatório) e do seu comprometimento.
O primeiro passo fundamental, portanto, é o terapeuta identificar, por meio de coleta de informações e avaliação, o que impossibilita que o paciente vivencie ou desenvolva flexibilidade psicológica.
A partir dessa identificação preliminar é que o clínico irá planejar e organizar as estratégias de intervenção que serão utilizadas para que o indivíduo desenvolva um repertório comportamental mais flexível, adaptativo e que resulte em melhor qualidade de vida.
A familiarização do paciente com os princípios e as abordagens escolhidos é o próximo passo, para instituir meios de consolidar os ganhos de modo a mantê-los com o fim da terapia.
FASES
Para alcançar os objetivos terapêuticos - aceitação, escolha e ação - e ensinar o paciente a aprender com sua própria história, tornando-se autônomo, a Terapia de Aceitação e Compromisso percorre seis fases.
A primeira fase é a determinação dos hábitos e comportamentos ineficazes do paciente: sua demanda e o que ele já tentou fazer para resolvê-la.
Já a segunda fase engloba mostrar como os comportamentos ineficazes são baseados no controle emocional e em estratégias de evitar os eventos encobertos aversivos.
A terceira é ajudar o paciente a detectar e diminuir a fusão cognitiva, e a quarta é incentivá-lo a entrar em contato com uma percepção de si distinta das reações automáticas e das crenças literais.
Por sua vez, a quinta fase implica ajudar o indivíduo a identificar direções de valores de vida, objetivos e ações necessárias para atingi-los.
E a sexta fase consiste em apoiar o cliente a se engajar em ações compromissadas, permitir que pensamentos, sentimentos, sensações e memórias funcionem não como obstáculos, mas como uma parte esperada da vida dirigida por valores.
HEXAFLEX
O processo terapêutico é expresso no modelo do Hexaflex, hexágono de flexibilidade psicológica que contém as fases divididas diferentemente e proporciona uma melhor forma de demonstrar as relações entre elas.
As duas primeiras fases fazem parte da `aceitação’, assim como metade da terceira. A outra metade é a `desfusão’; a quarta é o `contato com o momento presente’ e o `self como contexto’; a quinta diz respeito aos `valores’ e às `ações comprometidas’, sendo que a sexta também guarda relação com esses aspectos.
RECURSOS
Como a Terapia de Aceitação e Compromisso se propõe a reduzir as formas danosas de controle verbal, a prática clínica é permeada por uma linguagem pouco literal, para quebrar o domínio do comportamento verbal e trazer a experiência como foco. Para isso, são utilizadas metáforas, paradoxos inerentes e exercícios.
As metáforas não têm uma lógica racional, pois funcionam mais como uma imagem, além de serem mais fáceis de lembrar e de aplicar a outras situações.
O paradoxo inerente é uma contradição entre propriedades literais e funcionais de um evento verbal. Trata-se de uma construção verbal sobre eventos parcialmente verbais que evidenciam a diferença de qualidade entre eles.
Já os exercícios proporcionam uma experiência com eventos privados em um ambiente seguro e sem julgamento, o que promove uma mudança de contexto desses, enfraquecendo seus valores aversivos.
A prática do mindfulness (atenção plena) também é um recurso de relevância na ACT. Essa técnica possibilita uma mudança no relacionamento com os pensamentos, sentimentos, memórias e padrões de regulação verbal comumente julgados como problemáticos e que não se pode controlar.