Sexualidade: o que é a terapia cognitiva sexual?
10 de Março de 2022
A terapia cognitiva sexual (TCS) é uma psicoterapia de abordagem cognitivo-comportamental especialmente desenvolvida para tratar as dificuldades relacionadas à sexualidade.
Alia uma leitura cuidadosa das mais recentes evidências científicas sobre o tema às teorias e intervenções clínicas empiricamente validadas das terapias cognitivo-comportamentais (TCCs).
Trata-se, portanto, de uma proposta de psicoterapia que integra os paradigmas comportamental, cognitivista e contextual a um entendimento profundo das questões que cercam a sexualidade.
CONCEITUALIZAÇÃO
A terapia cognitiva sexual é uma abordagem estruturada que busca traduzir para a prática clínica os conhecimentos presentes na literatura com uma proposta de conceitualização de caso e intervenção terapêutica próprias.
Entende que crenças distorcidas a respeito de sexo, bem como a forma como o sujeito interpreta as situações sexuais, têm impacto direto na maneira como ele se sente, em como o organismo se prepara para a relação e também no comportamento sexual.
Ao longo da TCS, as pessoas vão tomando consciência sobre suas crenças e seus padrões sexuais distorcidos e aprendendo como modificá-los na prática, rumo a uma vida sexual satisfatória.
O indivíduo ou o casal vai experimentando novas formas de agir, ganhando controle sobre os pensamentos e regulando as emoções negativas que distraem a atenção na hora do sexo, aprendendo a se comunicar com o(a) parceiro(a) e a entender melhor as próprias necessidades e às do outro.
ARTICULAÇÃO E INSTRUMENTALIZAÇÃO
A terapia cognitiva sexual é um processo terapêutico breve, com técnicas especificamente desenvolvidas para esse fim.
Nesse sentido, nasce da articulação teórico-prática entre as TCCs e saberes das ciências sociais, da psicologia social, das teorias sistêmicas e das evidências científicas produzidas pela medicina sexual.
Ao se constituir enquanto um método estruturado de intervenção psicoterapêutica, a TCS permite submeter seus pressupostos e suas técnicas à validação empírica, bem como possibilita o treinamento de profissionais.
Dessa forma, é possível perceber que a terapia cognitiva sexual cumpre uma missão social de instrumentalizar psicólogos e profissionais de saúde com ferramentas baseadas em evidências para uma abordagem adequada da queixa sexual.
Na terapia cognitivo sexual, o papel do terapeuta é fundamental. Para isso, ele precisa estar antenado com as crenças da sociedade e suas próprias crenças a fim de não prejudicar o processo terapêutico do seu paciente.
APRIMORAMENTO
Os primeiros textos sobre a TCS começaram a ser publicados em 2015, sendo suas bases teóricas e conceituais apresentadas em 2017 no livro "Terapia cognitiva sexual - Uma proposta integrativa na psicoterapia da sexualidade", de autoria dos psicólogos brasileiros Aline Sardinha e Antonio Carvalho.
De lá para cá, as ferramentas clínicas originalmente propostas vêm sendo constantemente aprimoradas e refinadas por vários profissionais que vêm se dedicando ao estudo e à prática da terapia cognitivo sexual.
Atualmente existem teorias e técnicas que podem ser utilizadas na clínica, cuja eficácia pode ser testada em pesquisa, e que já vêm sendo usadas como modelo para o treinamento de profissionais em todo o Brasil.