Psicologia positiva e saúde mental
30 de Agosto de 2022
O tema felicidade, extremamente importante na Grécia Antiga, volta a ser estudado na atualidade, especialmente pela psicologia positiva, porém com um embasamento teórico robusto, passando a demonstrar eficácia também para diminuir sintomas psiquiátricos.
Influenciados pela eficácia da psicologia positiva, estudos recentes dentro da psiquiatria têm sido conduzidos levando em conta o bem-estar subjetivo e a felicidade e vêm demonstrando a eficácia dessa abordagem em transtornos mentais comuns, como depressão, mas também em transtornos mentais mais graves, como a esquizofrenia.
Com isso, um novo campo dentro da psiquiatria foi proposto em 2015 sob o nome de psiquiatria positiva.
Entre outras coisas, a psicologia positiva e a psiquiatria positiva têm em comum o estudo: de emoções positivas, como a felicidade; do bem-estar; da resiliência; do envelhecimento saudável; de estratégias de coping (enfrentamento); bem como a ênfase na promoção e na prevenção em saúde mental.
ASPECTOS BIOLÓGICOS
Levando em conta que a psiquiatria é um ramo da medicina, um aspecto que parece ser crucial dentro da psiquiatria positiva é a consideração dos aspectos biológicos envolvidos nos chamados construtos positivos.
Nesse sentido, uma revisão sistemática sobre os correlatos neurais das emoções positivas evidenciou que parece existir uma sobreposição de regiões cerebrais envolvidas na formação e na regulação das emoções positivas e das emoções negativas.
Contudo, as emoções positivas, como a felicidade, também ativam regiões cerebrais específicas e esse conjunto de ativações talvez possa ser usado para distingui-las das emoções negativas, como a tristeza e o nojo.
Assim, a formação e a regulação da felicidade e das emoções positivas parecem estar associadas à redução significativa da atividade do córtex pré-frontal direito e bilateralmente do córtex temporoparietal.
Elas também estão associadas à ativação de regiões pré-frontais esquerdas (sobretudo os córtices pré-frontais dorsolateral e medial), o giro cingulado, a parte inferior e medial do giro temporal, a amígdala e o estriado ventral.
PREVENÇÃO PRIMÁRIA
Um dos campos mais promissores de aplicação da psicologia positiva na psiquiatria é na prevenção primária.
Especialmente na prevenção seletiva quando o foco são grupos que possuem algum(uns) risco(s) para adoecimento mental; e na prevenção indicada quando as estratégias atingem pessoas com alguns sintomas psiquiátricos, mas que ainda não fecham critério para nenhum diagnóstico.
Em geral, intervenções preventivas precisam ir além do cenário ambulatorial e/ou hospitalar, utilizando estratégias criativas para que sejam efetivadas.
LEITURA
O livro “Psicologia positiva: dos conceitos à aplicação”, publicado pela Sinopsys Editora, convida o leitor a se aprofundar no movimento científico que evidencia o estudo dos aspectos saudáveis do ser humano, sedimentando seus conhecimentos na abordagem.
Os organizadores, os psicólogos Miriam Rodrigues e Douglas da Silveira Pereira, reúnem nesta obra os mais expressivos nomes da psicologia positiva no Brasil para que profissionais, estudantes e professores de psicologia encontrem respaldo para suas pesquisas e práticas.