Epidemiologia dos transtornos alimentares - Sinopsys Editora
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Epidemiologia dos transtornos alimentares

Epidemiologia dos transtornos alimentares

15 de Janeiro de 2025

A aplicação da epidemiologia ao estudo dos transtornos alimentares (TAs) deve levar em consideração algumas particularidades metodológicas.


Quando observados na população geral, é possível concluir que a prevalência dos TAs é baixa, cerca de 1%, e os indivíduos que apresentam tais condições tendem a negar suas manifestações e evitar a ajuda de profissionais de saúde.


Por tais características, os estudos de base populacional (não clínicos) podem ser considerados caros e com baixa efetividade para identificação e elaboração de estimativas descritivas desses transtornos.


De tal modo, investigações feitas em populações clínicas (amostra de conveniência) podem parecer mais atrativas, contudo tendem a subestimar a expressão e o impacto dos transtornos alimentares pela falta de validade externa de seus resultados.


Uma perspectiva precisa do cenário de distribuição dos TAs é considerada como resultante improvável. Assim, para uma interpretação adequada dos dados, é importante considerar o contexto de provável subestimação de ocorrências.


Prática clínica


Na prática clínica, a identificação desses casos também não é tarefa simples. Em estudo feito em centros de atendimento ginecológico e obstétrico, apenas um em cada dez casos de bulimia nervosa ou de comportamento alimentar compulsivo foi reconhecido por clínicos.


Estima-se que 40% dos pacientes com anorexia nervosa sejam diagnosticados por clínicos gerais e que 79% sejam efetivamente encaminhados para algum serviço em saúde mental.


Embora indivíduos com TAs apresentem comportamentos evitativos em relação aos profissionais de saúde mental, esses, com grande frequência, acabam necessitando de serviços de atenção à saúde em função das comorbidades clínicas usualmente presentes.


Identificação


A identificação dos transtornos alimentares é de extrema importância tendo em vista os elevados índices de mortalidade relacionados.


A anorexia nervosa apresenta a maior ocorrência de mortalidade entre todas as condições psiquiátricas pela cessação de ingesta alimentar e pelo suicídio. Estima-se que de 13% a 20% dos pacientes venham a falecer em até 20 anos após o diagnóstico.


Indivíduos diagnosticados com bulimia nervosa ou outros TAs podem apresentar menor expectativa de vida devido às complicações decorrentes de obesidade ou sobrepeso.


Além disso, os prejuízos dos transtornos alimentares sobre a qualidade de vida são claramente evidenciados na literatura científica já em etapas iniciais de seu curso e até mesmo sobre os cuidadores daqueles indivíduos com TAs.


Prevenção


Os dados epidemiológicos em relação aos transtornos alimentares na população geral indicam que estratégias de prevenção e identificação devem ser especialmente endereçadas à população feminina, adolescente e pertencente às minorias étnicas.


Essas características devem ser levadas em consideração no momento da elaboração não apenas de intervenções preventivas, mas também dos protocolos de tratamento, uma vez que sejam mais facilmente assimilados pela população de maior demanda e aumentam as chances de eficácia dos mesmos.


Os resultados sugerem que uma especial atenção ao contexto familiar seja prestada a fim de adequar condutas específicas mais fortemente vinculadas a comportamentos alimentares saudáveis.


Além dessas características, é importante ressaltar a enorme ocorrência de comorbidade psiquiátrica nos casos de TAs. Essa informação deve ser levada em consideração durante processos de avaliação e também de tratamentos psicoterapêuticos com ênfase em transtornos mentais mais prevalentes e usuais da prática clínica.


Literatura


Esse e outros assuntos são aprofundados no livro ‘A prática da terapia cognitivo-comportamental nos transtornos alimentares e obesidade’, organizado pelos psicólogos Igor da Rosa Finger e Margareth da Silva Oliveira e publicado pela Sinopsys Editora.


A obra agrega estudos na área dos TAs visando a iniciação e a ampliação do conhecimento científico sobre o tema para estudantes de graduação, de pós-graduação, assim como para terapeutas cognitivo-comportamentais.




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Tags

Transtornos alimentares, epidemiologia, obesidade, TCC, terapia cognitivo-comportamental, bulimia nervosa, comportamento alimentar compulsivo

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