As emoções como veículos para a mudança na psicoterapia - Sinopsys Editora
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As emoções como veículos para a mudança na psicoterapia

As emoções como veículos para a mudança na psicoterapia

05 de Fevereiro de 2025

Os avanços na compreensão científica da inter-relação entre emoções, pensamentos e comportamentos, junto à evolução contínua do conhecimento clínico, levaram pesquisadores e terapeutas a buscarem abordagens terapêuticas que proporcionam o que tem sido chamado experiência emocional corretiva (Alexander & French, 1946; Pachankis & Goldfried, 2007).


Em particular, várias evidências têm sugerido no sentido de que trabalhar ativamente para intensificar o contato com as emoções durante a psicoterapia pode ser eficaz na redução do sofrimento que os pacientes experimentam fora da sessão. Essas abordagens veem a emoção como um veículo para a mudança e não unicamente como um alvo para mudança.


Assim, as técnicas experienciais – que visam ao envolvimento ativo com as emoções em vez de focarem exclusivamente na sua redução – têm sido amplamente desenvolvidas, aprimoradas e testadas empiricamente na última década.


Racionalidade

Desde a época da Grécia Antiga, a cultura ocidental tem tido a racionalidade em alta consideração, demonstrando um fascínio pelo potencial da razão para guiar ou mesmo dominar as forças primitivas e brutas das emoções.


No entanto, uma série de achados científicos sugere que razão e emoção podem não ser tão facilmente separadas como as concepções culturais ocidentais tradicionalmente assumiram.


Para ilustrar, tomemos o exemplo, citado em Damásio (1994), de um homem com uma lesão cerebral que perturbou o seu sistema emocional, ao mesmo tempo deixando intactas as suas faculdades racionais.


No entanto, esse homem, que parecia encantador, inteligente e articulado, era incapaz de tomar uma simples decisão sobre que data escolher para o seu próximo compromisso. Sem estar totalmente conectado com as suas emoções, ele perdeu uma bússola importante para executar até mesmo as tarefas mais simples.


Marcadores somáticos

As emoções fornecem aquilo que Damásio descreve como marcadores somáticos, que mostram para nós o que é importante ou de valor (Damásio, 1994).


Nesse sentido, um novo paradigma que está ganhando forte apoio nas ciências cognitivas, conhecido como a perspectiva da mente corporificada, defende que todo o raciocínio abstrato é construído a partir da experiência incorporada, surgindo a partir dos sentidos e alicerçado nas emoções, em vez de existir como uma faculdade separada que é informada por uma visão desincorporada e objetiva do mundo (Lakoff & Johnson, 1999).


As emoções estão indissociavelmente ligadas à cognição. Elas proporcionam um sistema rápido e pré-verbal de avaliação do perigo (LeDoux, 1996); marcam a proeminência no estabelecimento de memórias (Panksepp, 1998); influenciam a sinalização e a comunicação interpessoal (Sroufe, 1996); auxiliam na competência social (Mayer & Salovey, 1997); e interagem com o pensamento consciente para criar narrativas que situam o self no mundo ao longo do tempo (Angus & Greenberg, 2011).


A partir de uma perspectiva evolucionista, as emoções são vistas como fundamentalmente necessárias e adaptativas (Izard, 1991). Elas fornecem informações que orientam o organismo humano para necessidades importantes, junto da motivação para interagir com o ambiente para satisfazer essas necessidades (Frijda, 1986).


Literatura

O assunto é aprofundado no livro ‘Trabalhando com emoções na terapia cognitivo-comportamental: estratégias para a prática clínica’, organizado por Nathan C. Thoma e Dean McKay e publicado na língua portuguesa pela Sinopsys Editora.


O objetivo da obra é apresentar aos terapeutas uma amostra do que há de mais recente nas abordagens experienciais para trabalhar com as emoções que possa ser aplicado no âmbito da TCC, proporcionando resultados mais profundos e sustentáveis, indo além da mera redução de sintomas.


Com base em técnicas experienciais validadas, apresenta exemplos concretos e estratégias práticas, como: desenvolvimento de atenção plena e aceitação; aplicação de métodos baseados na compaixão; novas abordagens para intervenções de exposição; utilização de imagens para reestruturar padrões mentais; e ferramentas para trabalhar emoções no contexto do vínculo terapêutico.




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Tags

Emoções, pensamentos, comportamentos, psicoterapia, terapia cognitivo-comportamental, TCC, experiência emocional corretiva

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