Abril Verde: a nova NR-1 e os riscos psicossociais

O Abril Verde visa a conscientização de empresas e trabalhadores a respeito da importância da adoção de medidas que promovam saúde e segurança no ambiente laboral. Os objetivos são estabelecer uma cultura de cuidado e reduzir acidentes e doenças ocupacionais por meio de ações preventivas.

A campanha surgiu com base em duas datas importantes celebradas em 28 de abril: o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho e o Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho.

Isso porque, em 28 de abril de 1969, uma explosão numa mina no estado norte-americano da Virgínia matou 78 mineiros. Em 2003, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) instituiu a data mundial. Já no Brasil, a Lei nº 11.121/2005 instituiu o dia nacional.

Norma

Um tema em alta na atualidade no país é a Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) – Disposições gerais e gerenciamento de riscos ocupacionais –, que é a base do Sistema de Normas Regulamentadoras de Saúde e Segurança do Trabalho do Ministério do Trabalho.

Em sua versão atualizada em 2025, um dos pontos que ganharam destaque foi a inclusão dos riscos psicossociais como fatores a serem gerenciados pelas empresas.

Esse avanço reconhece que os perigos à saúde do trabalhador vão além dos acidentes físicos ou exposição a agentes químicos e biológicos. Agora, estresse, ansiedade, assédio e pressão por metas excessivas também entram no radar da prevenção.

Riscos psicossociais são fatores relacionados à organização do trabalho, ao clima organizacional e às relações interpessoais que podem afetar negativamente a saúde mental e emocional dos trabalhadores.

Exemplos comuns são exigência de metas inalcançáveis, falta de reconhecimento profissional, ambientes com clima de medo ou competição extrema, assédio moral ou sexual, falta de autonomia ou controle sobre as próprias tarefas, exposição contínua a jornadas longas ou sobrecarga de trabalho.

Mudanças

A nova versão da NR 1 traz exigências específicas sobre o gerenciamento de riscos psicossociais, alinhando a legislação brasileira às boas práticas internacionais.

As principais mudanças incluem obrigatoriedade de identificar riscos psicossociais no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), integração com a Avaliação de Riscos Ocupacionais (ARO) e inclusão desses riscos em planos de ação preventivos.

Englobam, ainda, estímulo à escuta ativa dos trabalhadores e valorização da saúde mental como parte da segurança do trabalho.

Boas práticas

Para se adequar à nova NR 1 e proteger seus funcionários dos riscos psicossociais, a empresa deve adotar boas práticas contínuas, como fazer diagnósticos organizacionais periódicos; promover rodas de conversa e canais de escuta ativa e estabelecer políticas contra assédio.

Outras ações necessárias são incentivar pausas regulares e ambientes colaborativos; treinar líderes para gestão humanizada e empática; oferecer suporte psicológico, como convênios com psicólogos ou programas de apoio.

A atualização da NR 1 conversa com outras normas, entre elas, a NR-7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) –, que incentiva o monitoramento da saúde mental nos exames ocupacionais; NR-9 – Agentes ambientais –, que reforça a necessidade de avaliar também fatores psicossociais; e a NR-17 – Ergonomia –, que aborda o bem-estar no trabalho incluindo aspectos mentais.

Ferramenta

O ‘Baralho do sentido da vida no trabalho e na carreira’, de autoria do psicólogo Filiphe Mesquita Borges da Silva e publicado pela Sinopsys Editora, tem como objetivo favorecer o processo de autoconhecimento para a profissão e para o ambiente de trabalho.

Aborda os principais aspectos da orientação e do direcionamento para pessoas que querem encontrar um sentido da vida no trabalho e na carreira, facilitando a reflexão acerca da responsabilidade, da liberdade e dos valores geradores de mudanças.

Com base na logoterapia e análise existencial, na psicologia positiva e na qualidade de vida no trabalho, esta ferramenta também possibilita avaliar o nível de sofrimento no trabalho, a qualidade de vida no trabalho e capacidade de ressignificação das atividades laborais. Além disso, classifica as características psicológicas positivas em uma organização.

Tem como público-alvo adultos (em contextos clínicos e organizacionais) e adolescentes (em contextos de orientação profissional, projeto de vida ou estágio/programa Jovem Aprendiz). Na terceira idade, é indicado para pessoas que saíram do trabalho e estão buscando outras atividades valorativas.